Minha vida sempre foi uma corrida. Corrida cheia de obstáculos, perdas, ganhos e momentos. Corro atrás de sonhos, prejuízos e motivações. Corro para ganhar tempo ou para não perdê-lo. Corro atrás da felicidade todos os dias e nunca a encontro por completo, mas tenho a consciência que a vida é cheia de altos e baixos. Corro atrás de meu futuro. Vivo, me apaixono, me decepciono, me emociono, trabalho, me divirto, estudo, converso e me resguardo quando necessário. Enfim, alegre ou triste prossigo. E assim faço até a hora de dormir e acordar para um novo dia.
O novo dia chega, como outro qualquer. Errado, nenhum dia é igual ao outro. Progressivamente e regressivamente, eles mudam de forma despercebida. E acordamos quando já é hora de dormir.
Acordo cedo. Não consigo mais dormir como antes, entretanto, estou mais cansada também. Levanto-me com dificuldade, e tento me olhar no espelho. O cumprimento do meu cabelo não combina mais com o meu rosto cheio de informações. Vou cortá-lo. No caminho até o salão, percebo que ele não me parece ser tão perto de casa como era antes. Chego lá e todos me tratam bem, porém, por vezes, com certa impaciência. Acho que não consigo mais me comunicar tão bem. Volto para casa . Troco de roupa, sem vaidade, pois não me parece algo útil agora. Afinal, roupas apertadas me incomodam. Me olho no espelho novamente. Não tenho o que fazer. Me sinto desnorteada e sem propósito. Coisas extremamente importantes no passado, hoje não me importam nada, aliás, não tenho tempo para realizá-las. Correr atrás da felicidade, não me atrai tanto, na medida do possível, a conquistei, da maneira que pude. Minha intensidade e vontade, troquei por tranquilidade e paciência. Pensativa e mergulhada em memórias, saio da frente do espelho devagar. Foi o que restou de uma vida tão intensa. Aquele futuro, no qual, eu tanto corri atrás, finalmente chegou. Mas, vivi. E isso me alegra. Isso me conforma. Envelheci.
Amanda Borgato
