domingo, 15 de fevereiro de 2015

Nenhuma mulher deseja um Christian Grey em sua vida

              

             Ouço muitas pessoas criticarem (principalmente nesses últimos dias) a trilogia 50 tons de cinza, e pior, julgam pessoas que são fãs da série ou que simplesmente gostam, que já leram e assistiram. Comentários do tipo, " mulher gosta de apanhar mesmo", "que ridículo , depois fala da lei Maria da Penha", " duvido que se esse cara existisse mesmo, alguma mulher iria aguentar", "tudo um bando de solteirona", "só as mal amadas que leem". Tantos julgamentos sem razão, ou com razão, não sei, o que passa na cabeça das pessoas julgadoras, que se incomodam tanto com a diversão dos outros.
              A questão é, qual o grande problema, das mulheres lerem ou assistirem essa trilogia? 


             Partindo dos comentários, que ouvimos por ai, percebemos julgamentos sem sentido. Afinal, só porque leio um livro em que um personagem bate no outro para seu prazer, não quer dizer que eu queira esse tipo de coisa para mim. E também não quer dizer, que só fale sobre isso no livro. E a trama? Os personagens? O clímax, a complexidade? São milhares de coisas que sentimos e lemos com a história. E gostamos. Ah, eu amo o Christian Grey? Não, e não quer dizer que eu goste de apanhar. Eu aceitaria tudo isso, por causa do dinheiro que ele tem? Não querido, não aceitaria.
 Mas você considera o Christian um homem apaixonante e maravilhoso. Sim, considero, porque ele está em um livro, ele é um personagem envolvente e intenso, assim como a Anastasia. Sabe porquê? Eles estão em um livro! Afinal, não é para isso que a ficção serve? Para viajarmos em um mundo distante e diferente do nosso, fugirmos desta triste e depressiva realidade, que nós, pessoas frustadas vivemos? Não é assim que funciona a sociedade? Cria-se personagens heroicos, encantadores e surpreendentes, para que possamos fugir um pouco dessa rotina normal que temos? Não é uma forma de instigar a nossa mente a criar e procurarmos melhorias para o nosso mundo atual? Então, por isso eu digo, as pessoas querem sonhar, querem idealizar, desejar, mas não quer dizer que queiram esses sonhos realizados. Não, realmente, nenhuma mulher quer um Christian Grey de verdade em sua vida, um cara controlador, possessivo, ciumento, agressivo e problemático. Seria sufocante, não é? Mas o que as pessoas gostam nesse livro, é a forma como E. L. James, o define, os sentimentos que os personagens transmitem para nós, a intensidade, o envolvimento, a paixão desses dois personagens que foram feitos um para o outro, faz com que nós, amemos o Christian Grey junto com a Anastasia Steele, pois são personagens, definitivamente, criados um para o outro, e os amamos mais ainda, porque sabemos que eles não foram feitos para mais ninguém, somente para eles mesmos.
           Agora você que julga e se incomoda com as fãs dessa história ou de qualquer outra, pense bem, você realmente acha que algum fã de qualquer personagem ou história que seja, gostaria que, por mais que ele diga isso, fossem reais? Eu creio realmente que não, pois as pessoas adoram idealizar, viajar e conhecer realidades novas, porém, nem sempre desejam que suas idealizações e realidades paralelas se tornem reais. As pessoas adoram sonhar, mas se todos os seus sonhos se tornarem realidade, elas ficariam vazias, sem objetivos. Pois o ser humano é assim, a cada sonho que ele realiza, ele cria um novo a ser conquistado.

Amanda Borgato