segunda-feira, 16 de março de 2015

Ela invade de dentro pra fora

                  

                  Ele fala. Ela brota. 
                  Ele grita. Ela desce vagarosamente. 
                  Ele gesticula impaciente. Ela cai inconsciente. 
                  Ele agride. Ela desmorona. 
                  Ele levanta e vai embora. Ela se espalha. 
                  Ele não volta. Ela permanece. 
                  O tempo passa.  Ela some.

           Não se sabe ao certo se ela é boa ou má, companheira ou carrasco. Mas seu nome é de uma deusa, entretanto, se assim fosse seria temida, por aparecer somente nos momentos de frustração, decepção, indignação, tristeza e abandono. Deusa da emoção, raramente aparece em momentos bons, porém, pode aparecer, ela não tem hora, não tem lugar. Você não a quer, contudo é você quem a chama. 

         Frequente sua presença aos olhos da mulher que ama e sofre, e tão rara aos olhos do homem, como aquele que reconhece o amor. Ela não pede licença, pois é a única que invade de dentro pra fora. Você pode ate tentar esconde-la, mas um dia, mais cedo ou mais tarde, ela vai aparecer e pode até ser porque você solicitou sua presença. Seu nome é Lágrima, a mulher que acompanha todos aqueles que sentem, todos aqueles intensos, todos aqueles que sofrem, todos aqueles que amam e não fogem da dor.

Amanda Borgato.

Mundo cão pra quem é cadela


             Mulher hoje em dia, é um termo sem sentido. Não se sabe se ela é admirada ou coisificada. Se faz algo brilhante, acaba sendo odiada ou menosprezada, mas se faz algo abaixo de seu intelecto, algo primitivo, é aplaudida.
            Escrevo esse texto para todos os homens da atualidade, e lhes proponho a seguinte reflexão: Como a mulher perfeita deve agir? Garanto que dependendo da resposta muitas mulheres vão odiar, ou adorar, mas em partes poderão ter certa repugnância de ser quem são e de serem tratadas e taxadas da forma que atualmente são. 
            Mulher é uma palavra complexa. Sim, complexa. Entretanto, ela não é uma coisa. Ela é acima de tudo um ser humano que merece igualdade. Igualdade essa que digo, não é pelo fato que ela deve se comportar igual aos homens. Mas sim, ter o direito de ser quem ela quiser, da forma que ela quiser, sem ser julgada. Não taxe uma mulher solteira ou que não quer casar, de encalhada. Não taxe uma mulher que não curte compromisso e que sai com quem ela bem entender, de safada ou qualquer adjetivo que lhe convenha na ocasião. Não se sinta no direito de dizer ou fazer o que quiser, só por você estar na posição de homem, quando ver uma mulher se vestindo de forma mais a vontade. Não julgue uma mulher de baranga ou sapatão por ela querer se vestir de forma confortável e não sensual. Não diga nunca que uma mulher especifica, nunca vai encontrar alguém que a ame de verdade devido a forma que ela se veste, pensa, devido ao jeito de seu corpo ou rosto, e qualquer outra característica que a torna única. Afinal, os homens fazem há um bom tempo o que querem e a sociedade de modo geral acaba vetando a liberdade das mulheres mesmo que inconscientemente.
             Mulheres não são iguais aos homens, elas são especiais, são importantes para dar vida e sentido a esse mundo. E justamente por elas serem diferentes, elas merecem ter liberdade de escolha igual a dos homens, para que sua criatividade e sensibilidade floresça nesse mundo. 


              E agora homem? Vai deixar os preconceitos de lado e dar liberdade igualitária para sua colega, ou está com medo de viver em um mundo melhor?  Pense nisso.

Amanda Borgato

quarta-feira, 11 de março de 2015

Sons de uma madrugada urbana

                   
Resultado de imagem para MADRUGADA    Parada, escuto em silêncio os ruídos da madrugada, já passa da meia-noite e não consigo dormir, ouço diversos sons, que chegam a ser silenciosos de tão despercebidos que passam por nós. Mas nessa noite em claro, passo a prestar uma mínima atenção a eles, que juntos, se tornam uma melodia, uma sinfonia, agradável e tranquilizante de se ouvir: o funcionamento do relógio, conversas aleatórias distantes de mim, carros em ruas mais distantes ainda, cachorros que latem e nem sabemos quem são seus donos, o motor da geladeira. 
      Pensativa com esses ruídos me pergunto: "O que será que fazem as outras pessoas que também estão acordadas na madrugada? Talvez, o mesmo que eu, tentam dormir, ou não podem dormir, ou até mesmo não conseguem, por inúmeros motivos. Mas será que algumas delas, qualquer uma que seja, parada um minuto se quer, e ao invés de contar Carneirinhos, ou mexer no celular, tenta ouvir as melodias da madrugada?". 
Resultado de imagem para MADRUGADA      Enquanto penso, o tempo passa, e vejo o sol raiando pela janela, os sons mudando, e a melodia se intensificando, ficando mais agressiva, populacional, com cachorros mais agitados, sons de carros mais próximos de mim, pessoas que falam e falam sem parar, diversas televisões ligadas e o relógio? Já nem o consigo perceber. O motor da geladeira? Já nem existe mais. E em meio a essa nova sinfonia urbana, eu durmo com mais tranquilidade, sem que ninguém me perceba, sem que ninguém saiba, que enquanto dormiam, eu os escutava. Boa noite.

Amanda Borgato.